Movimento Cívico pela Linha do Vouga

"Estamos na luta pela Linha do Vouga. Todos nós sonhamos com algo e todos nós ambicionamos algo. Aquilo com que sonhamos e com que ambicionamos é que a via estreita tenha um futuro e não um fim. Queremos que preservem a última linha de via estreita do país, que a renovem, que lhe "limpem a cara". Não queremos que a eliminem pois faz parte da nossa história. Queremos que os nossos filhos, netos e bisnetos, possam, no futuro, desfrutar das mesmas aventuras que todos nós (ainda) podemos desfrutar. A história da Linha do Vouga é algo que tem de ser preservado, pois um país que não preserve a sua história, não é um país. A via tem um potencial turístico enorme, assim como uma afluência de passageiros que consideramos sustentável caso a oferta de comboios seja melhorada. Em Espanha, encontram-se alguns exemplos de como a via estreita pode ser rentável no século XXI, basta para isso algum dinamismo e vontade política para que isso aconteça de igual modo em Portugal."

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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

IP confirma que irá repor os AMV no troço central

Cruzamento de duas automotoras Allan, na estação de Pinheiro da Bemposta, em 1999. Foto: Maarten Van der Velden

Embora sem garantir se o fará ainda durante os trabalhos de renovação integral de via que estão a decorrer, a Infraestruturas de Portugal (IP) confirmou-nos esta semana que irá mesmo repor os Aparelhos de Mudança de Via (AMV, vulgo agulhas) nas estações de Pinheiro da Bemposta e de Albergaria-a-Velha. 

Tratam-se de boas notícias, já que depois de toda a polémica em torno deste assunto e de todos os nossos alertas para o erro que se estaria a cometer, a IP terá mesmo reconsiderado o projeto de renovação do troço central, que não previa a reposição dos ditos AMV e vai, por isso, repor os layouts daquelas estações para permitir cruzamentos de comboios. 

A empresa pública informou, também, que a reativação daquele troço irá dotar estas estações para o serviço comercial, encontrando-se os AMV em processo de aquisição, sendo que efetuará a instalação dos mesmos assim que se considerar oportuno. 

MCLV, 21 de novembro de 2024

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Estará o Governo a estudar o que já estava estudado para mudar o que já estava decidido?

Avanço da modernização da Linha do Vouga volta a estar ameaçado com opção do atual governo por mais um estudo

No passado dia 7 de novembro, decorreu na Assembleia da República a audição ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação, no âmbito do debate na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2025. 

O Ministro Miguel Pinto Luz foi questionado pelos deputados aveirenses Susana Correia (PS) e Paulo Cavaleiro (PSD) sobre a requalificação e modernização da Rede Ferroviária Nacional, designadamente sobre as novas decisões que estão tomadas para Linha do Vouga. 


Na interpelação, a deputada socialista começou por apontar que "neste momento o que eram objetivos claros e decisões já tomadas (pelo anterior governo), vertidas no Plano Ferroviário Nacional, passaram a declarações opacas e decisões desconhecidas". Admite ainda que, daquilo que tem ouvido, agora "está tudo em aberto" e critica o governo atual por não "adiantar mais detalhes”. 


Partilhando as mesmas preocupações que este movimento cívico, Susana Correia afirmou ainda que o seu partido está convicto de que "corremos o risco de levantar os carris e, tal como aconteceu com grande parte da rede de via estreita em Portugal, nunca mais serem colocados novos”. No fim da sua intervenção, voltou a apontar o dedo à atual tutela, relembrando que foi durante a governação PSD/CDS que se propôs o encerramento daquela linha, no então designado “Plano estratégico de Transportes” de 2011. 


Já Paulo Cavaleiro, apresentando-se como um dos principais defensores da mudança da bitola no troço norte da Linha do Vouga, saudou a tutela e mostrou-se agradado pelo facto da nota explicativa do Orçamento de Estado ir ao encontro das suas pretensões, visto ser objetivo deste governo, e passamos a citar, "o prosseguimento dos estudos e projetos em curso e a contratação do estudo de viabiliade técnica e ambiental da Linha do Vouga". 


Partilhando também da mesma preocupação deste movimento cívico, o deputado social-democrata apelou à inclusão da Linha do Vouga no sistema intermodal Andante, considerando que "é importante garantir que o maior elemento de coesão territorial da Área Metropolitana do Porto, o Andante, chegue à Linha do Vouga". 


Em resposta aos referidos deputados, o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, fez alguma confusão entre supostas "reuniões secretas" e o evidente secretismo com o qual consideramos ter estado envolto o resultado dessas mesmas reuniões com os autarcas da zona sul da AMP, e defendeu-se perante essa situação afirmando que "o processo é absolutamente transparente". Recordou, ainda, que a Linha do Vouga está em intervenção pela sua modernização e confirmou que o governo está a estudar como é que a esta via férrea poderá ser ligada à Linha do Norte, revelando que a solução ainda não está fechada. O Ministro foi ainda mais longe e confirmou também que a tutela estará "a pensar numa solução ainda mais perene que possa criar sinergias, nomeadamente com a Linha do Norte" e, como tal, encontra-se "a fazer os estudos para prosseguir com esse objetivo". 


Ora, relembramos que terá sido precisamente um estudo de impacte ambiental que reprovou a ligação direta da Linha do Vouga à Linha do Norte, em Silvalde (Espinho), devido à proximidade ao campo de golfe ali existente, o que terá acabado por se revelar o fator determinante que levou o governo anterior a optar por planear a sua modernização mantendo a bitola métrica e extendendo a via à superfície até junto da estação de Espinho, por forma a repor ali a extinta interface. 


Perante a opção do atual governo em gastar verbas em mais um estudo, ao invés de, por exemplo, avançar com os trabalhos necessários para a reposição da dita interface em Espinho, partilhamos portanto da opinião de que o que era uma certeza voltou a ser uma indecisão. A obsessão instalada pela mudança da bitola no troço norte só servirá para atrasar ainda mais o processo de modernização que já se arrasta há anos e voltamos a alertar, uma vez mais, que continuar a alimentar ilusões de mudança de bitola para a Linha do Vouga, é seguir por um caminho perigoso que pode, na pior das hipóteses, levar ao seu encerramento definitivo.


MCLV, 19 de novembro de 2024 

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Resolução da Assembleia da República recomenda modernização integral da Linha do Vouga


No passado dia 7 de novembro, foi publicada em Diário da República a Resolução da Assembleia da República n.º 98/2024, que recomenda ao Governo a aprovação do Plano Ferroviário Nacional (PFN). 


No que respeita à Linha do Vouga, citando o documento, "a Assembleia da República resolve, nos termos do n.º 5 do artigo 166.º da Constituição da República Portuguesa, recomendar ao Governo que: 


l) No Sistema Urbano Norte Litoral, composto pela Área Metropolitana do Porto e pelas Comunidades Intermunicipais do Cávado, Ave e Aveiro: 


iii) Modernizar integralmente a Linha do Vouga e estabelecê-la como eixo de transporte local de qualidade." 


Este é um avanço importante para o futuro desta linha, uma vez que a sua modernização integral deixou de ser uma simples intenção inscrita no PFN e passou a ser uma vontade política, cuja concretização é recomendada ao Governo. A propósito da consulta pública com vista à melhoria do PFN, relembramos que o MCLV apresentou e contribuiu com um manifesto apelando à modernização da Linha do Vouga mantendo a bitola métrica (ver aqui).


Dessa resolução, destacamos também o seguinte ponto: 


"m) Identificar linhas ferroviárias com potencial de exploração ou de promoção turística e estabelecer princípios gerais para o seu desenvolvimento". 


Ora, uma das nossas grandes reivindicações é precisamente a reabertura da Linha do Vouga entre Sernada do Vouga e Paradela (ver aqui), algo que se encaixa no desígnio do ponto acima citado. Tratando-se de um assunto de extrema importância para coesão do interior do distrito de Aveiro, é por isso o momento de deixar de encará-lo como um simples "sonho", transformando-o em algo merecedor de uma séria discussão política. 


Documento integral da resolução para consulta: 


https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/resolucao-assembleia-republica/98-2024-895836363 


MCLV, 13 de novembro de 2024

domingo, 10 de novembro de 2024

Comboio Histórico do Vouga está de volta para mais uma edição natalícia

Créditos da imagem: Facebook CP

É no dia em que a Linha do Vouga completa os seus 116 anos (23 de novembro) que se iniciará oficialmenfe mais uma edição de Natal do Comboio Histórico do Vouga, que circulará todos os sábados, até 4 de janeiro, entre Aveiro e Macinhata do Vouga. 


Uma semana antes, no dia 16, a histórica composição voltará aos carris para uma viagem especial entre Águeda e Macinhata do Vouga, a qual servirá para a apresentação do serviço e será destinada apenas a convidados. 


Créditos da imagem: Facebook Freguesia de Macinhata do Vouga

Apesar da ligeira subida do preço dos bilhetes comparativamente ao ano passado, estamos confiantes que esta edição voltará a ser um sucesso. A venda dos bilhetes já se encontra disponível na seguinte ligação:

https://www.cp.pt/passageiros/pt/como-viajar/em-lazer/cultura-natureza/vouga-natal 


MCLV, 10 de novembro de 2024

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Mais de metade do troço central já está renovado

São já 15 os quilómetros que se encontram renovados no troço central da Linha do Vouga. Após quase sete meses, os trabalhos de renovação integral de via alcançaram a estação de Albergaria-a-Nova (PK 48.4).

As imagens que aqui partilhamos foram captadas durante o mês de outubro, no trajeto compreendido entre os PK's 45.8 e 48.4, ou seja, entre Branca e Albergaria-a-Nova. Como se pode observar, a via foi totalmente renovada com substituição integral de carris, travessas e balastro. Alertamos uma vez mais para o facto de que apesar de intervencionada, a via não se encontra ainda finalizada, uma vez que faltam executar os trabalhos de ataque mecânico pesado. 

Relembramos, também, que as obras do troço em questão tiveram início em meados do mês de abril junto ao PK 33.4 (Oliveira de Azeméis) e preveem a intervenção nos seus 29 quilómetros, com um prazo de execução de um ano, estando a cargo da empresa Mota-Engil Railway Engeneering SA e da subcontratada Socicarril. Os trabalhos têm decorrido em período diurno, sendo que esporadicamente se verificam também em período noturno.

Galeria de imagens


Autoria das fotos: Bruno Soares

MCLV, 5 de novembro de 2024

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Viabilidade da exploração do troço central continua 'presa por agulhas'

Continua a incerteza quanto ao futuro modelo de exploração do troço central. Apesar de todos os nossos alertas para a necessidade da existência de cruzamentos, a renovação integral de via (RIV) que ali decorre acabou mesmo por não contemplar a reposição dos Aparelhos de Mudança de Via (AMV's), vulgarmente conhecidos por agulhas. 


Com a chegada dos trabalhos de renovação de via à estação de Pinheiro da Bemposta, verificamos que a agulha da entrada norte não foi reposta, sendo mantida apenas a da entrada sul, transformando a via de cruzamento numa simples via de resguardo. Visto que os AMV's também já haviam sido removidos da estação de Albergaria-a-Velha em 2021, significa portanto que, após estas obras, o troço central poderá manter-se "preso por agulhas" ao ficar transformado numa via corrida de 29 quilómetros, sem qualquer ponto de cruzamento, algo que consideramos inviabilizar qualquer projeto verdadeiramente sério para a sua exploração comercial. 


Os recentes trabalhos de renovação de via não contemplaram a reposição da AMV da entrada norte da estação de Pinheiro da Bemposta. Foto: Bruno Soares 

Prontamente, questionamos a Infraestruturas de Portugal quanto ao motivo desta opção, sendo que a empresa pública adiantou-nos que esse "assunto está a ser articulado com a CP, operador ferroviário nesta linha, encontrando-se os Aparelhos de Mudança de Via (AMV) em processo de aquisição, para instalação quando disponíveis e se considerar oportuno". 


Com a manutenção apenas da AMV da entrada sul, a antiga via de cruzamento continuará a servir apenas como via de resguardo. Foto: Bruno Soares

Quando confrotamos a CP sobre a impossibilidade de cruzamentos no troço central da Linha do Vouga, a operadora ferroviária afirmou apenas que é seu objetivo "que a paragem na Estação de Pinheiro da Bemposta continue a efetuar-se, depois das obras em curso" e informou ainda que já terá "formalizado pedido à IP-Infraestruturas de Portugal, SA, para o objetivo pretendido". 


O Movimento Cívico pela Linha do Vouga continuará atento a esta situação e continuará a pugnar por um correto modelo de exploração deste troço, pelo que reivindicamos a pronta reposição dos AMV's nas estações de Pinheiro da Bemposta e Albergaria-a-Velha, preferencialmente ainda no decorrer desta RIV.


MCLV, 31 de outubro de 2024

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