Autor: Aníbal Bastos |
-No ano de 2008, em vésperas de centenário, foram anunciados investimentos na Linha do Vouga pela então secretária de estado dos transportes Ana Paula Vitorino. O investimento total previsto seria de 18 milhões de euros, no entanto a Refer apenas usufruiu de 3,7 milhões de euros na automação e supressão de passagens de nível.
-No ano de 2010, os troços Águeda-Aveiro e Oliveira de Azeméis-Espinho foram dotados de significativas melhorias, com colocação de novos carris, travessas e balastro. Inclusive, a câmara municipal de Águeda assinou um protocolo (2009) com a CP que permitiu aumentar a oferta de comboios entre esta cidade e Aveiro.
-Relativamente ao troço Oliveira de Azeméis-Águeda, a via não foi dotada de qualquer melhoria, excepto a colocação de passagens de nível automatizadas em algumas zonas, que mesmo assim não eliminaram de vez a situação caricata do funcionário que tem de sair do comboio para fechar as cancelas manuais que ainda existem. O Movimento Cívico pela Linha do Vouga verificou, inclusive, que neste troço existem carris datados do ano de fundação desta via (1908)! Via esta, muitas vezes assente em lama e não balastro como seria de esperar.
-Queremos com estes factos mostrar que houve, neste troço em concreto, um profundo desprezo e abandono, quer por parte da Refer, quer por parte das câmaras municipais por ele servido. No entanto, convém sublinhar que a CP continuou a oferecer um serviço (deficiente) de passageiros neste troço, mesmo sabendo dos perigos existentes devido ao mau estado da via.
-As medidas que a CP e Refer vêm agora anunciar para salvaguardar o serviço de passageiros entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga faz lembrar o menino que em véspera de teste não estudou e vai agora recorrer à cábula mesmo sabendo que o professor o vai ver copiar e consequentemente reprová-lo. Queremos com isto dizer, que a Refer e entidades responsáveis deixaram atingir um tal estado de degradação, cujo desfecho era há muito previsível se nada fosse feito em contrário. Assim, a CP vê-se obrigada a recorrer ao método mais simples e várias vezes praticado, quer nesta, quer noutras linhas de via estreita, que é utilizar o serviço rodoviário em detrimento do serviço ferroviário.
-O Movimento Cívico pela Linha do Vouga quer anunciar que repudia toda e qualquer situação que implique o fornecimento de serviço rodoviário como solução, pois achamos que a linha merece uma intervenção urgente e só aceitamos esta medida se for de carácter provisório. Se chegamos a este ponto, foi porque durante décadas a via não teve qualquer manutenção. Com as devidas melhorias da infraestrutura, que esperamos que sejam concretizadas em breve, acreditamos que o serviço ferroviário continuará a ser o mais eficaz se houver, de igual modo, uma melhoria na oferta de comboios.
Movimento Cívico pela Linha do Vouga
Oliveira de Azeméis, 30 de Outubro de 2013
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