De facto, não foi para nenhum tipo de comemorações do aniversário desta linha centenária mas o motivo não deixou de ser importante, embora menos interessante daquilo que perspectivamos inicialmente. No entanto, na busca por informações quanto a este "estranho" acontecimento, acabamos por deparar-nos com algumas situações que nos causaram extrema preocupação. Eis algumas explicações:
1) Na passada quarta-feira, dia 29 de Novembro de 2017, o Comboio Histórico do Vouga (na sua totalidade: locomotiva Alsthom + 3 carruagens) partiu de Sernada do Vouga com destino a São João da Madeira para rebocar, de volta a Sernada, o antigo vagão tremonha do Caminho de Ferro Mineiro do Lena que por lá se encontrava, em avançado estado de degradação, e que, devido ao seu valor histórico, fora solicitado pelo Museu Nacional Ferroviário;
2) Até este ponto, tudo normal não fosse este "resgate" coincidir numa altura em que é divulgado um comunicado por parte da Infraestruturas de Portugal (ex-Refer) onde solicitam (e passamos a transcrever) a "aquisição de serviços para a 'elaboração do projecto para a construção do posto de manutenção oficinal (PMO) e posto de abastecimento no troço Espinho-Oliveira de Azeméis na Linha do Vouga". Ora, estando actualmente o troço Sernada do Vouga-Oliveira de Azeméis activo apenas para que as automotoras se possam deslocar ao posto de manutenção e abastecimento de Sernada (a uma estonteante velocidade máxima de 10 km/h devido ao avançado estado de degradação da via), pode significar este comunicado que o fim deste troço está para breve. O resgate do vagão pode (ou não) vir a dar ainda mais ênfase a esta possibilidade.
3) O Movimento Cívico pela Linha do Vouga sempre defendeu e sempre defenderá a preservação da totalidade desta linha (a par de um pequeno troço da Linha do Tua) única em Portugal e que por si só merece todo o nosso respeito e cuidado para memória futura. Igualmente, defendemos a modernização (electrificação, correcção de traçado, relocalização de apeadeiros e aquisição de novas automotoras) desde que a bitola da mesma (1000mm) seja preservada! Até porque só assim esta linha poderá continuar a ter, para além do interesse comercial, o interesse turístico. O troço que agora se encontra ameaçado, sofreu, no ano de 2011, um investimento de cerca de 5 milhões de euros para supressão e automatização de passagens de nível. A via propriamente dita, não sofreu qualquer beneficiação, pelo que um descarrilamento ocorrido no ano de 2013 acabou por ditar o fim do serviço comercial por via do comboio. Desde aí, a linha continuou ao abandono! Já passaram quatro anos... Sendo ainda cedo para nos alongarmos nesta temática, deixamos apenas a questão que nos urge colocar: o valor que poderá custar a construção de um novo posto de manutenção e abastecimento não seria suficiente para a recuperação da totalidade do troço Sernada do Vouga-Oliveira de Azeméis, colocando o comboio de novo sobre carris?
Gostaríamos que quem de direito deixasse algumas respostas pois nós e todos aqueles que utilizam esporádica ou diariamente esta linha são merecedores das mesmas!
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