O Plano Nacional Ferroviário (PNF) foi hoje apresentado como "o instrumento que irá definir a rede ferroviária que assegura as comunicações de interesse nacional e internacional em Portugal". No que à Linha do Vouga diz respeito, existem vários tópicos de grande relevância, que aqui transcrevemos, avaliando como "positivo" ou "negativo" o teor de cada um:
Consideramos este tópico como "negativo" uma vez que o início das obras do troço central estava previsto para o terceiro trimestre de 2022, no entanto, até ao dia de hoje ainda não foi sequer divulgado o vencedor do concurso público para a execução da empreitada. Deste modo, aproveitamos para questionar a Infraestruturas de Portugal se já tem uma previsão para o início das obras deste troço, que tanta importância tem para uma boa operação ferroviária de toda a linha.
"No PFN, assume-se a manutenção da Linha do Vouga como linha de bitola métrica, mas que deve ser integrada na rede de serviços suburbanos do Sistema Metropolitano que inclui Aveiro e o Porto. Esta integração deve ser feita, desde já, através do tarifário e dos sistemas de bilhética, com a inclusão do troço mais a Norte no sistema Andante."
Consideramos este ponto como "positivo" pois sempre defendemos a manutenção da bitola métrica nesta linha. De igual modo, temos vindo a defender a ideia de que o "Vouguinha" deveria funcionar com características suburbanas, o que se reflete numa tarifa mais baixa, nomeadamente com a integração no sistema Andante.
"Isto implica que, por um lado, deve ser assegurada uma articulação o mais perfeita possível com a Linha do Norte. Essa ligação já existe em Aveiro, mas será necessário criar em Espinho. Por outro lado, o serviço nas extremidades deve aproximar-se das frequências típicas de um serviço suburbano, com horários cadenciados e várias circulações por hora em ambos os sentidos. O troço central deverá ter um serviço menos frequente com características de um serviço regional, servindo alguma mobilidade local."
Na verdade, todo este tópico é positivo, à excepção da última frase que tem um teor claramente negativo, pois revela um certo desprezo pelo troço central, sem que este tenha sido ainda renovado. Este troço de linha que liga Oliveira de Azeméis a Sernada do Vouga, para além de uma área densamente povoada, atravessa atualmente uma área altamente industrializada, nomeadamente a zona industrial a norte de Albergaria-a-Velha e a zona industrial de Travanca, a sul de Oliveira de Azeméis. Convém ainda referir que este troço pode ser a grande alternativa ao IC2 (antiga N1), que apresenta um constante congestionamento de trânsito, sobretudo em horas de ponta. Deste modo, consideramos que pensar o futuro deste troço com um mero "serviço menos frequente com características de um serviço regional" pode representar um grave erro estratégico, que se poderá traduzir em pouca afluência de passageiros, pelo facto de continuar a não se apresentar como uma séria alternativa a outros meios de transporte.
"No médio prazo, perspetiva-se a eletrificação da Linha do Vouga que, a par com a introdução de novo material circulante, será a forma de dar o salto qualitativo em termos de serviço. Deve também ser considerada a relocalização de algumas estações para locais que respondam melhor à procura existente."
Este é claramente o tópico mais positivo de todo o PNF, no que ao "Vouguinha" diz respeito. Para a modernização desta via férrea é preponderante a sua eletrificação e consequente aquisição de novo material circulante. A relocalização de estações é de igual modo importante, assim como o reajuste de horários e aumento da frequência. A reposição da interface com a Linha do Norte, em Espinho, deveria ser encarado como algo prioritário. O prolongamento da linha, em Aveiro, até junto do campus universitário também é um ponto que deveria ser pensado e estudado seriamente, para que não caia em esquecimento e possa avançar no futuro.
O PNF faz ainda uma breve referência quanto à exploração turística da linha, a qual será para manter pois sendo a "única linha de via estreita que resta, permite potenciar viagens de material circulante histórico e fazer pedagogia e promoção da cultura ferroviária".
Vídeo completo da apresentação do PNF:
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