Se a escolha do título foi infeliz, a falta de preocupação jornalística pelo apurar da veracidade dos factos ficou ainda mais patente, uma vez que a notícia também dá conta de que "de acordo com o Núcleo Regional da Quercus em Aveiro, o corte das árvores terá sido ordenado porque o ramal ferroviário, o último reduto da linha de bitola estreita em Portugal, onde há décadas circulava o "Vouguinha", vai ser reactivado entre Sernada do Vouga e Espinho para receber uma composição a carvão." Ora, como é do conhecimento geral, até hoje, o único troço da Linha do Vouga que se encontra encerrado, já desde 1990, é aquele que liga Sernada do Vouga a Viseu e, daquilo que sabemos até ao momento, não se perspectiva a sua reabertura, estando atualmente convertido em ciclovia. Quanto ao troço que liga Sernada do Vouga a Oliveira de Azeméis, numa extensão de 29 quilómetros, apesar de por lá continuarem a circular comboios, o serviço de exploração comercial encontra-se suspenso desde 2014 devido ao mau estado da infraestrutura, mas o início dos trabalhos para a sua requalificação poderá acontecer já no próximo mês. Mais uma vez, aproveitamos para esclarecer que o propósito desta requalificação não é o de levar a "locomotiva a carvão" até Espinho, mas sim o de repor as condições que permitam a reabertura da exploração do serviço comercial de passageiros no troço central. Lamentamos, assim, que o jornal Público, que até temos em boa conta, tenha-se permitindo em publicar um artigo com tão pouco rigor e que, em termos de opinião pública, poderá ter consequências nefastas para a célere modernização de uma via férrea centenária, que definha há décadas, mas que ainda assim continua a prestar um serviço de transporte público fundamental para as populações que atravessa.
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