Desagrado dos vários municípios quanto às opções para a construção da LAV são a prova de que mudar a bitola da Linha do Vouga não faz sentido!
Construir uma linha de via larga, seja em bitola padrão ou bitola ibérica, seja em via única ou via dupla, é necessário essencialmente uma coisa: espaço! Embora seja claro que houve um certo cuidado por parte da IP na elaboração das duas opções de traçado para a construção da nova Linha de Alta Velocidade (LAV), sobretudo no que a evitar demolições diz respeito, nem todas as opções são consensuais e nem todas agradam aos mais variados municípios por ela atravessados. Isto, porque, seja em maior ou menor quantidade, todas implicam demolições e expropriações, pois é necessário espaço... Muito espaço!
Isso evidentemente irá afetar a vida das pessoas destes municípios, sobretudo daquelas que terão de sofrer as consequências diretas de uma obra de extrema importância para o país. Ora, como todos sabemos, a Linha do Vouga é um via férrea de bitola métrica (via estreita), o que lhe permite adaptar-se facilmente à orografia do terreno, isto é, apresenta uma bitola que tem as vantagens de poder ser usada em zonas montanhosas ou de difícil acesso, e tem um custo de construção e de operação mais baixo.
Alguns do municípios que mostram agora a sua preocupação e descontentamento pelas consequências da construção da LAV são também atravessados pela Linha do Vouga e durante a discussão pública do Plano Ferroviário Nacional defenderam, inclusive, a alteração da sua bitola para via larga, esquecendo, ou ignorando o facto de que, assim, simplesmente seriam aniquiladas todas as vantagens da sua atual bitola.
Como já aqui referimos por diversas vezes em várias publicações, a Linha do Vouga atravessa zonas densamente povoadas e industrializadas, o que torna a alteração da sua bitola praticamente inviável, quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista técnico e ambiental. Para alterar a bitola, seria necessário um canal ferroviário com um espaço tal que o atual não tem e dificilmente terá, pois só com inúmeras expropriações e demolições de edifícios habitacionais e industriais talvez esse espaço pudesse ser alcançado, sendo importante referir que nunca iria servir as mesmas localidades.
Se os planos para a construção da LAV já estão a causar toda esta polémica pela necessidade da demolição de algumas dezenas de casas e de colocar em risco alguns investimentos industriais, imaginem como seria caso a ideia da alteração da bitola da Linha do Vouga avançasse. Isto só prova que sempre tivemos razão em defender a tese de que a alteração da bitola é algo que não faz sentido, o que vem dar ainda mais força ao MCLV pela defesa e preservação da Linha do Vouga em bitola métrica!
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