"Bitola Estreita", realizado por João António Carvalho, será provavelmente o primeiro e único documentário realizado até aos dias de hoje dedicado em exclusivo à Linha do Vouga. Segundo a descrição, o documentário que teve ontem a sua estreia nacional na RTP2, foi realizado em 2021, embora contenha imagens das obras de renovação de via entre Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira, decorridas já no ano seguinte. O filme começa por mostrar o triste desfecho da maioria daquelas que sempre foram o parente pobre da ferrovia nacional: as linhas de bitola estreita (também conhecidas por linhas de via estreita ou linhas de bitola métrica). Curiosamente, Pedro Nuno Santos, na altura ministro das infraestruturas e atual candidato a primeiro-ministro de Portugal, é um dos principais protagonistas deste documentário na defesa daquela que é a última linha de bitola estreita no nosso país, falando com critério e paixão sobre os problemas e ambições para o futuro desta via férrea. Outro dos protagonistas é inevitavelmente Jorge Almeida. O presidente da autarquia de Águeda tem sido ao longo dos últimos anos um dos maiores defensores desta linha e quem tem sabido aproveitar da melhor maneira todas as suas potencialidades. Quem não lhe fica atrás é o presidente da junta de freguesia de Macinhata do Vouga, Pedro Marques, que também teve os devidos créditos neste documentário. A par de antigos ferroviários da Linha do Vouga, Pedro Ribeiro (conselho de administração da CP), Tânia Violante (responsável pelo Museu Ferroviário de Macinhata do Vouga), Miguel Reis (ex-presidente da autarquia de Espinho), João Santa (maquinista da CP) e Carlos Machado (responsável pelo departamento dos comboios históricos da CP) são outros dos protagonistas que mereceram destaque neste filme documental. Em termos de ambições para a modernização da linha, é-nos mostrada uma explicação sobre uma possível solução para a reposição da interface da Linha do Vouga com a Linha do Norte, em Espinho, e ainda é exposta a necessidade de relocalizar alguns apeadeiros. Relativamente ao troço central, o mais problemático dos que restam desta linha, é apontado um dos erros por nós já identificado: a remoção dos aparelhos de mudança de via (vulgo agulhas) por parte da IP, que farão dele um troço corrido de 29 quilómetros, sem qualquer possibilidade de cruzamento de composições. Para finalizar, o filme mostra-nos ainda as potencialidades turísticas da Linha do Vouga com imagens soberbas do Comboio Histórico do Vouga. Com uma duração de cerca de 48 minutos, certamente que muito terá ficado por contar neste filme, mas quem sabe num futuro próximo possa ser feito um novo episódio, que conte já com imagens da modernização da linha e, quem sabe, com o contributo do MCLV. Fica aqui o nosso desafio... Foi uma bela maneira de terminar 2023, na expectativa que 2024 será uma ano de grandes avanços para o futuro da Linha do Vouga.
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