Avanço da modernização da Linha do Vouga volta a estar ameaçado com opção do atual governo por mais um estudo |
No passado dia 7 de novembro, decorreu na Assembleia da República a audição ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação, no âmbito do debate na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2025.
Na interpelação, a deputada socialista começou por apontar que "neste momento o que eram objetivos claros e decisões já tomadas (pelo anterior governo), vertidas no Plano Ferroviário Nacional, passaram a declarações opacas e decisões desconhecidas". Admite ainda que, daquilo que tem ouvido, agora "está tudo em aberto" e critica o governo atual por não "adiantar mais detalhes”.
Partilhando as mesmas preocupações que este movimento cívico, Susana Correia afirmou ainda que o seu partido está convicto de que "corremos o risco de levantar os carris e, tal como aconteceu com grande parte da rede de via estreita em Portugal, nunca mais serem colocados novos”. No fim da sua intervenção, voltou a apontar o dedo à atual tutela, relembrando que foi durante a governação PSD/CDS que se propôs o encerramento daquela linha, no então designado “Plano estratégico de Transportes” de 2011.
Já Paulo Cavaleiro, apresentando-se como um dos principais defensores da mudança da bitola no troço norte da Linha do Vouga, saudou a tutela e mostrou-se agradado pelo facto da nota explicativa do Orçamento de Estado ir ao encontro das suas pretensões, visto ser objetivo deste governo, e passamos a citar, "o prosseguimento dos estudos e projetos em curso e a contratação do estudo de viabiliade técnica e ambiental da Linha do Vouga".
Partilhando também da mesma preocupação deste movimento cívico, o deputado social-democrata apelou à inclusão da Linha do Vouga no sistema intermodal Andante, considerando que "é importante garantir que o maior elemento de coesão territorial da Área Metropolitana do Porto, o Andante, chegue à Linha do Vouga".
Em resposta aos referidos deputados, o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, fez alguma confusão entre supostas "reuniões secretas" e o evidente secretismo com o qual consideramos ter estado envolto o resultado dessas mesmas reuniões com os autarcas da zona sul da AMP, e defendeu-se perante essa situação afirmando que "o processo é absolutamente transparente". Recordou, ainda, que a Linha do Vouga está em intervenção pela sua modernização e confirmou que o governo está a estudar como é que a esta via férrea poderá ser ligada à Linha do Norte, revelando que a solução ainda não está fechada. O Ministro foi ainda mais longe e confirmou também que a tutela estará "a pensar numa solução ainda mais perene que possa criar sinergias, nomeadamente com a Linha do Norte" e, como tal, encontra-se "a fazer os estudos para prosseguir com esse objetivo".
Ora, relembramos que terá sido precisamente um estudo de impacte ambiental que reprovou a ligação direta da Linha do Vouga à Linha do Norte, em Silvalde (Espinho), devido à proximidade ao campo de golfe ali existente, o que terá acabado por se revelar o fator determinante que levou o governo anterior a optar por planear a sua modernização mantendo a bitola métrica e extendendo a via à superfície até junto da estação de Espinho, por forma a repor ali a extinta interface.
Perante a opção do atual governo em gastar verbas em mais um estudo, ao invés de, por exemplo, avançar com os trabalhos necessários para a reposição da dita interface em Espinho, partilhamos portanto da opinião de que o que era uma certeza voltou a ser uma indecisão. A obsessão instalada pela mudança da bitola no troço norte só servirá para atrasar ainda mais o processo de modernização que já se arrasta há anos e voltamos a alertar, uma vez mais, que continuar a alimentar ilusões de mudança de bitola para a Linha do Vouga, é seguir por um caminho perigoso que pode, na pior das hipóteses, levar ao seu encerramento definitivo.
MCLV, 19 de novembro de 2024
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